terça-feira, 2 de novembro de 2010

Transgénicos, Bons ou Maus?

A fome e a subnutrição afectam presentemente mais de 800 milhões de pessoas no mundo. Com o aumento da população mundial nos próximos anos, há o medo de que as carências alimentares possam ainda vir a ser maiores. Nas áreas mais densamente povoada, as pessoas dependem muitíssimo das colheitas de alimentos básicos – como o arroz – cujas reservas estão a decrescer. Muitos preocupam-se com o facto de as técnicas actuais de cultivo não serem capazes de produzir quantidades de arroz suficientes para apoiar a população crescente. Tal como muitos dos desafios ambientais, a ameaça de fome não está distribuída de forma igual. (…) É nos países mais pobres, onde as projecções de crescimento populacional são maiores, que é provável que a escassez de cereal se torne um problema crónico.
Algumas pessoas acreditam que a chave para evitar uma crise alimentar potencial pode residir nos avanços recentes da ciência e da biotecnologia. Através da manipulação da composição genética de produções básicas, como o arroz, é possível aumentar a velocidade de fotossíntese e produzir colheitas maiores. Chama-se a este processo modificação genética; as plantas produzidas desta maneira são designadas como organismos geneticamente modificados (OGM). (…) Os produtos alimentares feitos de organismos geneticamente modificados, ou que contêm traços de OGM, são conhecidos como alimentos geneticamente modificados (…)
Há cientistas que são da opinião que a estirpe geneticamente modificada de “superarroz” poderia aumentar a produção em 35 por cento. Outra estirpe, o chamado “arroz dourado” – que contém quantidades adicionais de vitamina A -, poderia reduzir as deficiências de vitamina A em mais de 120 milhões de crianças em todo o Mundo. Poderia pensar-se que estes avanços na biotecnologia seriam recebidos entusiasticamente por todos, mas, de facto, a modificação genética tornou-se um dos temas mais controversos do nosso tempo. Para muitas pessoas, torna bem nítida a linha ténue que separa os benefícios da tecnologia e das inovações científicas, por um lado, e os riscos de destruição ambiental, por outro. (…)
Apesar de a modificação genética poder ter enormes benefícios potenciais, os riscos envolvidos são imprevisíveis e é difícil calculá-los. Uma vez libertos no ambiente, os OGM podem desencadear uma torrente de efeitos destrutivos que serão difíceis de monitorizar e controlar. Face a este dilema, muitos ambientalistas defendem o princípio da precaução. Este princípio propõe que, nos casos em que existem dúvidas suficientes sobre os possíveis riscos de novos avanços, é preferível aterem-se às práticas existentes do que modificá-las.

Bibliografia: Pombo, António Pedro, entre outros, Sociologia em Acção, Sociologia, 12º ano, Porto Editora, Porto, 2010, Portugal.

1 comentário:

  1. Falta aqui a referencia ao aumento brutal de utilização de herbicida resultado de aumento de resistência a estes venenos que são vendidos por os mesmas empresas que desenvolvam e vendem as sementes ogm.

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